terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Nosso carnaval

Um casal de amigos da igreja nos convidaram para passear no carnaval. Aceitamos o convite e no sábado às 4:30 da madruga, já estávamos esperando por eles. Como precisávamos fazer a travessia de balsa, era importante chegar cedo na fila. Na foto abaixo, estamos subindo na balsa (de ré). E como dá para ver, o sol já estava alto! Estávaos bem apreensivos, opis não fazíamos idéia de como seria o local para onde estávamos indo.
A travessia levou em torno de 1 hora. Descemos o Rio Negro e depois subioms um pouco o Rio Solimões. Veja abaixo o encontro das águas.
É incrível como a água do Rio Negro e do Rio Solimões ainda percorrem lado a lado, sem se misturar, por quilômetros. A água do Rio Negro parece coca-cola um pouco diluída.
Ao lado do "porto" onde atracamos para desembarque, havia esta oficina. As duas construções estão flutuando. Já pensou, se cair uma ferramenta?
Isso é o vilarejo de Careiro da Várzea, onde desembarcamos. Do outro lado tem uma feira, onde se vende de tudo. Paramos para comprar gelo, carne e farinha de mandioca. Eu fiquei esperando no carro (ligado e com ar condicionado), mas o Victor me contou depois, que o negócio era cruel. Uma completa falta de higiene.
Aí sim, pegamos a estrada - BR-319. Pela placa a BR leva até Porto Velho (até lá devem ser cerca de 900 km de estrada ruim). Mas nós andamos apenas uns 65 km, na direção de Autazes.
Chegamos ao nosso destino. A Fazenda Jardim do Eden, da D. Diomar. Na foto abaixo aparece a estrada e do lado direito fica a fazenda. A D. Diomar mora lá com a sua mãe, que todos chamam de mãezinha. Elas são mãe e avó de um outro casal da igreja, que ainda não conhecíamos. Nesses dias eles tinham ido lá, nós fomos, o casal que nos levou ainda levou seu filho e havia mais 2 famílias vizitando. Isso é algo bem típico - o povo vai chegando. Nós estranhamos bastante, mas é precioso ir convivendo com as pessoas.
Aqui novamente dá para ver a estrada, agora olhando do outro lado. Este é o igarapé que pertence à fazenda. A correnteza é forte, a água é transparente - dá para ver os pés, mas também parece coca-cola diluída. O banho é refrescante, pois o calor é diário.
Aqui eu estou entrando pela porta da cozinha.
Logo atrás da porta da cozinha fica a lista telefônica. Elas têm celular rural.
Quando acaba a lista, tem a porta do chuveiro. O pessoal da família tem estatura baixa - eu já não poderia tomar banho aí.... tomei banho no igarapé.
E mais um passo adiante fica a pia da cozinha. Esta é a D. Diomar. Nós já estávamos indo embora, mas ela queria que experimentássemos suco de abacaba. O aspecto é muito esquisito - roxo leitoso. O tempo todo ouvimos das doenças que se pega com frutas e água. Mas não podíamos negar, pois ela fez o suco com tanto carinho e nós estávamos curiosos para esperimentar. O gosto é muito bom. Lembra um pouco abacate, apesar da fruta não ter nenhuma semelhança.
A Mãezinha tem mais de 80 anos, mas muita disposição. Atualmente ela mora na casa da D. Diomar, para não ficar sozinha. Nós dormimos na varanda da casa dela e no interior havia este "altar". Elas são cristãs. Nos pareceu um cristianismo um pouco diferente do que nós conhecemos. Essa é uma questão que chamado a nossa atenção aqui em Manaus. Alguns valores cristãos são diferentes. Como somos novatos, como não conhecemos o suficiente da cultura e como o que fazemos muitas vezes parece estranho para eles, a nossa postura tem sido de observar e tentar fazer perguntas. Mas mesmo fazer perguntas não é fácil, temos ouvido respostas escancaradamente incoerentes, pois nos respondem o que acham que queremos ouvir. Esta é uma característica da cultura indígena - o compromisso dele não é com a verdade, mas com a resposta que o homem branco quer ouvir.
Este foi o nosso aposento. O Victor dormiu pela primeira vez na rede. Ele gostou!!! Claro que ainda prefere a cama. Passamos apenas uma noite lá, mas ela foi muito boa. Em casa praticamente sempre temos o ar codicionado ou o ventilador ligado. Mas a noite na rede foi completamente quieta, apenas alguns grilos e a temperatura nos obrigou a usar uma manta leve. Foi uma delícia.
Na volta para casa, paramos debaixo de uma castanheira. Observe bem a foto - o carro e o Victor aparecem na foto. Imagine quando cai uma bola cheia de castanhas do Pará.... sai de baixo!
E aqui estamos os dois ao lado do tronco da castanheira.
A experiência do interior foi muito rica culturalmente. Percebemos que esse tipo de convivência nos ajuda para conhecermos as regras inconscientes que regem a vida das pessoas. Isso nos ajuda a entender as pessoas. Vemos como elas resolvem os problemas daqui. Muitas vezes estas não seriam as estratégias que nós utilizaríamos. Mas cá entre nós, as nossas soluções não funcionam (risos).

4 comentários:

Unknown disse...

Que legal!! Gostei desse passeio...
DEUS os abençoe.bjos Bettina

Anônimo disse...

Pra quem gosta, deve ser bom!!! Gosta de ser a tua irmã... e é bom ser tua irmã!
Amo vocês, to com saudades!
Carmem

Ricardo disse...

Se criassem um ranking dos Blog's missionários, o de vocês seria o primeiro colocado, com certeza!

Muito interessante, muito legal!

Abraço

Missionários Nivaldo e Janecir Carvalho disse...

Gostei, fiquei com agua na boca.Gostariamos de ir também. Que legal! realmente essas experiências são riquissímAS.DEUScontinue abençoando vs,abraços Janecir e Nivaldo